Defina e dê nome ao que você quer – uma visão sobre a linguagem e as histórias

Já parou pra pensar como o nome de cada coisa surgiu? Ou a importância das palavras, de como surgiu a definição das coisas que você fala ou escuta?

A linguagem muitas vezes passa despercebida, e suas definições se alteram muito ao longo do tempo.

Ela também é subjetiva.

Pensa comigo, quando eu digo casa, a memória que vem para você é diferente da memória que eu tenho em relação a casa. Quando eu falo felicidade, estou falando de uma sensação perene ou de alguém estar alegre ou contente?

Ou seja, a forma como percebemos o mundo, se dá muito em relação ao significado que damos para ele, e a nossa interpretação das narrativas que nós temos em relação aos fatos, mas que não necessariamente é a realidade.

O começo de tudo

Na bíblia em Gênesis, simbolicamente é mostrado a importância da palavra, de definição. O ato de criação começa com a frase “e disse Deus”, ou seja, o ato de nomear.

Podemos dizer que simbolicamente há algo de “criador” no ato de nomear.

A linguagem na verdade então, é a nossa maneira de transformar o caos – o desconhecido, em ordem. É uma das maneiras que temos de estruturar a realidade.

Na ciência, há estudos que também mostram essa importância. Dispor de menos conceitos para diferenciar as emoções negativas associa-se a níveis mais altos de depressão após eventos estressantes na vida (Starr et al., 2020).

Como por exemplo o que te mostrei sobre felicidade.

Muitos problemas surgem por não darmos nomes a eles ou simplesmente por não conseguirmos distinguir o que sentimos. “Felicidade” por exemplo tornou-se um termo genérico, ele considera tudo o que há de positivo

O que isso gera?

Ninguém realmente sabe se o que está sentindo é a tal “felicidade”.”

Ou seja, quando você dispõe de ter mais linguagem para distinguir as emoções que sente, está associado a um consciência/controle menor das mesmas.

A escrita

Uma das melhores maneiras de treinar essa habilidade de distinção é começar a escrever.

Sim, muitas vezes não estamos acostumados com isso, e confesso que até há algum tempo eu também não.

Mas a questão é que quando damos nomes as coisas, as escrevemos e trazemos ao mundo, nós organizamos nossas ideias além de moldarmos e dominarmos nossa realidade interna e externa.

Escrever é uma das melhores formas de ser mais articulado, pois é uma das formas de organizar a mente.

Quando escrevemos nos forçamos a confrontar a nebulosidade da nossa mente, clarificando e estruturando ideias que antes eram vagas e indefinidas.

É algo que nos ajuda a lidar com os atos e as ideias, nos força repetidamente pelo esforço da linguagem, de ir atrás desses pensamentos e organizar eles para poder apresentar eles claramente.

Nos força a ficar perguntando… estou dizendo o que queria dizer?

Isso nos ajuda a pensar mais claramente, organizar nossas ideias, nos mostra o que sabemos e nossas falhas no pensamento, e assim podemos ter mais consciência do que precisamos aprender e te levar a novas áreas de conhecimento.

Quando definidos as coisas e colocamos cada uma em seu lugar, ganhamos mais poder sobre elas.

Quando escrevemos podemos observar a narrativa que estamos contando a nós mesmos.

A narrativa que criamos sobre nós e sobre o mundo influencia diretamente na nossa perspectiva.

Histórias

A forma como percebemos o mundo é em grande parte determinada pelas histórias que contamos a nós mesmos E consequentemente nossas ações são moldadas pelo que acreditamos.

Essa narrativa interna tem muita força.

Se vemos o mundo como um lugar hostil, seremos moldados por essa crença – sempre em alerta, defensivos, e as vezes até paralisados pelo medo.

Ela é nossa ferramenta para dar sentido as coisas, nos ajuda a diferenciar as sensações, aprender com as experiências passadas e poder colocar cada coisa em seu devido lugar…

Quando melhoramos nossa capacidade de articular nossos pensamentos e reescrever/reinterpretar nossas histórias, ganhamos a habilidade de redefinir nossas realidades.

Ao dominar a linguagem e as palavras, nós não apenas comunicamos mais eficazmente com os outros, mas também nos tornamos, como diziam os gregos “mestres de si próprio”.

A importância de um objetivo

Se a ter essa capacidade de nomear nos ajuda a estruturar melhor a realidade e nossa perspectiva é moldada pelas histórias que contamos a nós mesmos, vemos que definir o que queremos é o passo necessário para diminuir o caos ao redor.

Você precisa nomear a realidade.

Caso contrário, o mundo se torna muito mais complexo, difícil de navegar.

A linguagem é a nossa capacidade de transformar caos e ordem, de articular nossos pensamentos em algo concreto. De dar nome a nossos problemas, de distinguir nossas emoções e definir nossos objetivos.

“Você não pode modificar uma coisa cuja existência ignora”

A incapacidade de decidir entre dez coisas, mesmo quando desejáveis, equivale a ser atormentado por todas elas. Sem objetivos claros, bem definidos e não contraditórios, é muito difícil obter o senso de engajamento positivo que faz a vida valer a pena.

Escolha um alvo, mire.

Experimento do macaquinho

No início do ano passado, vi uma aula do Eslen Delanogare, que foi uma das aulas mais reflexivas que já vi.

Em resumo, foi um experimento que fizeram onde davam suco de laranja para um macaquinho, onde ele entendi que aquilo era bom, e ensinavam a ele certos comportamentos.

Toda vez que a luz aparecesse e ele apertasse o botão 10x, ele ganharia esse suco.

E essa é uma ótima analogia

  • O que é a luz pra você → O que te puxa para agir?
  • O que é o botão → O que você tem que fazer para obter o que você quer?
  • Qual seu suco? → Qual seu objetivo, sua recompensa?

Veja só, se você não definir seu objetivo, não tem motivo para você apertar o botão. Você precisa dar nomes e definir aquilo que você quer.

A troca

Ao trocar o suco por água, o macaquinho ficava muito mal, porque ele estava esperando o suco de laranja.

Por isso, é importante você alinhar suas expectativas e conhecer exatamente o que você quer, você precisa estruturar seu caminho e dar um nome pra ele.

Preste atenção nas histórias que você conta para você, porque são elas que constroem sua perspectiva.

Quando você definir seu objetivo, alinhe ele com as possibilidades reais e não com as que você conta pra si mesmo.

Defina o que você quer

Você precisa de objetivos para reorientar sua mente em direção aos hábitos que você deve formar para criar o futuro que você escolheu (em 10, 5, 1 ano)

Se você não define, aquilo é um sonho, você vai procrastinar. Vai te causar confusão, incerteza e ansiedade, da mesma forma quando você não tem linguagem suficiente para discernir suas emoções.

  • Se você não tem objetivo, fica atormentado por tudo. Se você não tem um objetivo, a unica opção é buscar distrações.

É muito difícil colocar essas coisas em ordem, porém uma máquina danificada continuará funcionando mal se o problema não for diagnosticado e consertado.

Você ignorar não faz com que aquilo desapareça, só aumenta o caos, a confusão e o sofrimento.

Por isso, dê nome e defina aquilo que você quer.

Meditação da semana

“O que nos causa problemas não é o que não sabemos. É o que temos certeza que sabemos, e que, ao final, não é verdade.”

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Sempre fui atraído por buscar respostas das coisas do mundo e encontrei na internet uma forma de compartilhar essa busca.

Por aqui tento sistematizar e transformar conhecimento e aprendizado por meio das palavras. E principalmente em como aplicar na prática.

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