Uma das redes sociais que menos uso é o instagram, só abro para fazer coisas bem específicas. Então acabo vendo pouco conteúdo por lá, além de ter desapegado bastante de conteúdos mais curtos..
Mas nessa última semana logo quando abri, havia um reels bem interessante assim: “Before technology took over” ou seja, a vida antes da tecnologia que conhecemos hoje, e lá mostrava algumas imagens simplesmente nostálgicas, daquelas que você vê em filmes dos anos 2000 e da década de 90.
Trouxe uma sensação tão boa, que acho que revi aquele reels 10 vezes.
Depois, ao longo do dia comecei a pensar, porque parece que hoje não tem essa mesma sensação?
Porque parece que hoje em geral, estamos mais distantes e individuais e por mais informações e ferramentas que temos, a sensação é que temos um mundo hoje mais fragilizado, com muitas pessoas com essa sensação de vazio?
A tecnologia
Se você para pra pensar conquistamos diversos avanços tecnológicos mas perdemos a nós mesmos no meio do caminho.
Quando você começa a estudar alguns povos antigos, você começa a ver que eles tinham pouca tecnologia comparado a nós, mas em contrapartida – apesar de toda civilização ter seus defeitos – a sabedoria em relação a natureza humana era muito admirável, coisas inclusive que até hoje não conseguimos compreender.
E essa acredito que seja o cerne da questão, deixamos de procurar entender nós mesmos no meio do caminho.
Evoluímos na tecnologia, na ciência e em diversas áreas, mas começamos a deixar de lado uma das coisas que mais importa: o conhecimento de si.
Evitar isso é em certa medida agradável, porque enfrentar a si mesmo é doloroso. Exige estômago.
Nossa mente então fica maravilhada com as diversas possibilidades de distrações que temos hoje, porque assim você tem o tempo rotas de fuga para evitar o caminho difícil e desconfortável que é construir um ser humano pleno.
Afinal, não podemos inventar nossos próprios valores, temos uma natureza e não dá para simplesmente impor pelo intelecto o que acreditamos. Por isso precisamos fazer as pazes conosco para navegar no mundo.
O que somos mais verdadeiramente? O que realmente importa pra você?
Entender isso é o que te permite dizer não para muitas coisas e se mover em direção ao que você realmente precisa.
Descobrir o fundamento do que te move é o antítodo para a perseguição do vazio, porque esse vazio muitas vezes é um vazio de si mesmo.
A vida “ideal” mostrada pela sociedade
Já parou para refletir na vida de sucesso que a “sociedade” mostra hoje?
Que pra você ser alguém na vida ou uma pessoa de sucesso você deve ter um carro de luxo, usar as roupas mais caras, viajar e consumir o tempo todo.
Só que tem um problema…
Sucesso não é sobre bens materiais, que inclusive em grande parte das vezes é só para inflar o próprio ego, para mostrar para alguém, porque assim essa pessoa se sente melhor, melhor em relação ao vazio que sente lá dentro, um vazio que não pode ser preenchido com coisas materiais.
Muitas vezes esse comportamento é a falta de si mesmo, afinal você não pode buscar referências melhores de uma boa vida, quando não sabe quem é, fica difícil saber o quanto a vida pode ser boa de fato sem depender de coisas externas.
Porque você não tem uma referência, sem uma identidade definida, você fica a mercê de tudo.
Construa aquilo que lhe é próprio
Se não construímos nossa identidade, estamos sujeitos a alguém construir por nós.
Estamos vivendo uma crise de identidade hoje, porque é tanta identidade hoje que você quer ser tudo menos você.
O que isso gera?
Uma carência afetiva, um vazio…
Como você não constrói sua própria identidade, define seus valores, e para onde está indo.. qualquer outra pessoa que você gostar, um ator, um músico, um jogador de futebol, seja o que for, você vai querer ser igual.
Como é que você vai viver uma vida que vale a pena ser vivida, se você nunca pensou nos pilares dela? (valores)
Tudo em pontecial, é o que você poderia ser e isso se manifesta pelo seu interesse em coisas, no presente. E são essas coisas que você se interessa, são as que podem te orientar nesse caminho de desenvolver seu máximo potencial
Quando você não sabe o que quer da vida, você vai se comparar a tudo e a todos o tempo todo
Porque não tem um objetivo claro pra ela.
E isso te levar por um caminho que você não gosta, mas você só está seguindo por conta das influências externas
Pare e pense de verdade o que você quer. O que você quer construir. Se você quer casar e ter uma família, porque você está se comparando com pessoas que são nômades e viajam pelo mundo o tempo inteiro?
A abstinência de nós mesmos
Gosto muito da visão da professora Lúcia Helena Galvão, que diz que: se existe dentro de nós uma essência humana, que se realizaria com valores, virtudes e sabedoria. A falta dessa vida interior gera esse vazio, a de não-realização enquanto ser humano, porquê:
- Se você a ignora, ela não deixa de existir
- Ela dentro de você, vai se queixar da abstinência a qual você a condenou.
Isso vai gerar dor, você não saberá exatamente de onde vem, afinal nunca se preocupou com isso, e então vemos a angustia tomar conta.
Não termos uma identidade profunda, gera a sensação de são outras pessoas que nos faltam, que são outras coisas que nos faltam (ex: estética, dinheiro, viagens etc…).
Sem direção, sem objetivo e a deriva.
A grande verdade, é que é apenas uma ilusão que criamos sobre tais coisas…
Não importanta onde você esteja, a sensação vai te acompanhar se você não resolvê-la. Não tem como você fugir de si mesmo
A falta de princípios, de sentido e direção, causa confusão, angústia e te leva a buscar fora o que deveria buscar dentro e enquanto não olhar para dentro, a vida vai deixar de parecer ser significativa, porque afinal você vai acabar sendo a cópia de alguém.
Definir seus valores é o primeiro passo para buscar realização
Sabe que o é curioso?
Hoje sabemos mais coisas sobre celular, computador e da vida de famosos do que de nós mesmos.
Isso não faz sentido algum.
Se você não entende o que te move, quais são seus valores, tudo pode parecer certo, e a consciência em tomar decisões se dá pelo contraste.
Se você define seus valores, seus objetivos, você não sabe o que te aproxima ou o que te afasta deles.
E se você não sabe o que te puxa para trás, como você espera ter uma vida mais significativa, como você espera se sentir realizado se não sabe o que busca?
Não há ferramenta no mundo que possa guiar um homem que não sabe para onde quer ir.
Hoje a grande maioria é ignorante em relação a conhecimento de si própria, isso traz uma angústia absurda também, porque se você não define balizas, limites, tudo vira possibilidade, e nada é mais angustiante e paralisador do que possibilidades ilimitadas.
É óbvio que isso vai gerar efeitos grandes na sua vida, porque você vai acabar se afastando do que te traria realização, com isso seus relacionamentos são afetados – afinal a qualidade dos seus relacionamentos dizem muito sobre a relação que você tem consigo mesmo.
Quando você sabe quem é, você consegue navegar pelo caos da vida com mais serenidade, problemas sempre vão existir, mas agora pelo menos você sabe o que te puxa para trás, você sabe quem é, o que busca, e consequentemente o que te afasta disso.
Sabe as coisas para o qual precisa dizer não, porque saberá estabelecer limites.
Sabe o que te interessa e o que precisa deixar de lado.
Sabe quem precisa estar com você nessa jornada e quem precisa mandar descer na próxima estação
Digo novamente, não há ferramenta no mundo que possa guiar um homem que não sabe para onde quer ir.
Quando você sabe quem é, e quem deseja ser, é muito mais fácil lidar com as críticas, porque você sabe quais lhe interessam e quais você pode deixar de lado.
Por isso, defina sua identidade, busque pelo autonhecimento ou alguém vai definir por você.
Apesar de estarmos no auge da nossa tecnologia e da ciência, estamos deixando de lado o mais importante.
Como disse o professor Paulo Henrique Teston:
“Mundos construídos de concreto são seguros e confortáveis, mas não é por acaso que neles há menos flores.”
Meditação da Semana
“Ninguém sabe para onde estamos indo. Somos mais poderosos do que nunca, porém temos pouquíssimas ideias do que fazer com esse poder.
Pior ainda, os humanos parecem mais irresponsáveis do que nunca. Deuses feitos de si próprios, tendo apenas as leis da física para nos fazer companhia.
Não prestamos contas a ninguém por nossos atos, e consequentemente, estamos devastando nossos amigos animais e o ecossistema que nos cerca, buscando pouco mais que nosso próprio conforto e divertimento sem jamais encontrar satisfação”
Existe alguma coisa mais perigosa que deuses insatisfeitos e irresponsáveis que não sabem o que querem?”