Esses dias estava tendo uma aula sobre a República de Platão, passamos pela concepção do que é uma vida boa e realizada, do que é justiça, o mito da caverna…
Passamos pelas virtudes fundamentais (que falarei mais a frente), e logo depois a professora contou um mito peculiar, daqueles que te faz refletir e incomoda bastante..
Vou resumir a essência dele pra você, e a gente constrói o significado na prática…
O mito de giges
Giges, era um pastor da Lídia que encontra um anel mágico em um cadáver em uma caverna, após um terremoto abrir o solo. Ao colocar o anel no dedo e girá-lo, ele descobre que fica invisível.
Com esse poder, ele consegue agir sem ser visto e, portanto, sem enfrentar consequências por suas ações.
Giges então utiliza essa invisibilidade para cometer uma série de atos imorais, incluindo seduzir a rainha, matar o rei e tomar o trono para si.
Na república Glaúcon (irmão de Platão) usa o mito para levantar a hipótese de que a maioria das pessoas pratica a justiça apenas por medo das consequências e das punições, e não por um compromisso com o bem. Ele argumenta que, se tivessem a chance de agir sem serem descobertas, como Giges, as pessoas provavelmente seguiriam seus desejos egoístas e cometeriam injustiças…
Em suma, o mito de Giges explora a questão sobre o que torna uma pessoa verdadeiramente justa: o caráter ou o temor das punições.
Justiça
Agora que conhece a história, posso te perguntar, e se você tivesse o poder de ficar invisível?
Você seria justo ou injusto? Você ouviria a conversa de seus amigos? Espiaria o celular de alguém?
Onde de fato se encontra a virtude? Na intenção.
Se você só não faz algo por medo da punição, na primeira oportunidade que tiver, você agirá de má fé. É assim com a corrupção, injustiça, infidelidade e por aí vai…
O ponto é que a virtude, ela deve ser exercida por ela mesma, e não porque tem alguém te observando ou não. O seu ato deve ser genuíno e isso é praticado, ou seja, você mesmo é capaz de se educar.
Aquele que é corrupto, ele não tem medo de cometer o ato por se tratar de algo injusto, ele tem medo de ser pego. E isso não tem haver com princípios.
Entao para realmente entender se você é verdadeiro, uma pessoa virtuosa de fato, comece a pensar:
Se estivesse com o anel de giges na mão, você agiria de forma justa? Sendo visto ou não.
Essa é a sabedoria da virtude, entender que a sua atitude, sua ação, é boa em si e não porque você vai sofrer alguma consequência comentendo injustiça ou retribuição por ser justo
É praticar o bem pelo bem, pelo certo. “Não pego o dinheiro do outro, porque ele não é meu”
Essa é a sabedoria da moral, é o que você se permite fazer, livremente, mesmo que fosse invisível.
Por quê aprender sobre virtudes?
É no contato como mundo que reconhecemos nossos defeitos, mas apenas se estamos prestando atenção. Afinal, não podemos modificar algo cuja a existência ignoramos.
A consciência nasce pelo contraste, não adianta apenas te falar, você deve experimentar por ti mesmo.
Aristóteles vai dizer que a felicidade é a vida da alma conforme a razão, ou seja, o exercício da razão está pautado em ser virtuoso, que é nossa capacidade enquanto seres humanos de percebemos o que é justo, o que é bom e o que é belo.
Para entender um pouco mais isso, temos que entender que Aristóteles acreditava que o propósito/finalidade era fundamental para entender qualquer coisa na natureza.
E pra ele o propósito fundamental do ser humano é a felicidade, e somos felizes na medida que exercemos o nosso potencial.
Cujo a chave é ser uma pessoa virtuosa, ou seja, a representação do que há de melhor no caráter humano.
É o caminho do meio, nem de excesso e nem de falta.
Através das virtudes que podemos agir mais corretamente em várias situações de nossa vida, tomando decisões mais prudentes e justas.
Isso te permite ordenar melhor sua vida, como por exemplo: quem pratica a temperança (uma virtude) será capaz de desfrutar dos prazeres da vida sem ser dominado por eles.
E como podemos ser mais virtuosos? Pela prática, pela educação de si mesmo
As 4 virtudes cardeais:
Temperança: O autocontrole
O controle de nossas paixões e desejos, evitando os excessos para não ficarmos presos em nós mesmos.
Isso envolve controlar nosso tempo, as emoções, o consumo de bens materiais… dando de acordo com a necessidade, nem mais nem menos.
Por exemplo:
Evitando os excessos de prazer, como comer demais, gastar em demasia, ou trabalhar até a exaustão…
Coragem/Fortaleza: Capacidade de tolerar males menores para fazer bens maiores.
É a força interna para agir de acordo com o que é correto, mesmo diante de dificuldades. A coragem moral de fazer o que é certo, mesmo que isso signifique oposição ou desconforto.
É o que pressupõe passarmos por sacrifícios para buscar o bem (independente da dor e do prazer).
Justiça: Capacidade de hierarquizar as coisas de maneira correta.
Nada mais é do que colocar cada coisa em seu devido lugar, ou seja, dar a cada um de acordo com sua natureza.
Um exemplo é um líder que distribui responsabilidades de forma justa em uma equipe, garantindo que ninguém seja sobrecarregado ou negligenciado.
Prudência/Sabedoria: Decidir a coisa certa no momento adequado, ou seja, sabedoria, o discernimento.
A sabedoria é a capacidade de discernir o que é certo, prudente e verdadeiro em qualquer situação.
É como se fosse a virtude que permeia todas as outras, pois é a sua pura capacidade de discernimento em cada situação.
Lembre-se :
Quando coloca o sentido dentro de você, ninguém pode te tirar isso. Quando busca fora, em um emprego, uma pessoa, um objeto, assim que isso acaba ou muda, todo o sentido também acaba ali, portanto ele é passageiro.
Associamos e colocamos nossa vida a coisas que não controlamos, em como as pessoas nos veem, quanto dinheiro nós temos. Acabamos esquecendo de ver a beleza que nos rodeia, naquilo que é lento e deve ser apreciado.
Por isso busque aquilo que é eterno, aquilo que se o mundo fosse cego, era o que todos veríamos. Ser uma pessoa mais virtuosa, é exercer o nosso potencial.
Meditação da Semana:
“Alguns não vão entender porque você não revidou vão estranhar sua serenidade enquanto esperavam por uma reação proporcional pela violência usada contra você, sua calma, poderá ser rotulada como fraqueza. Sua sinceridade poderá ser julgada de forma maldosa. Ta tudo bem, as pessoas tem o direito de enxergar os outros pelas suas lentas turvas de suas próprias angústias, conflitos e culpas. Vamos seguir agindo por um mundo melhor.
Sabe aquela pessoas que confundiu sua bondade com fraqueza? Perdoe. Cada um vê no outro o reflexo de suas próprias impossibilidades.” – Jaime Ribeiro