A vida tem ficado mais fácil ou mais instável?

Já parou pra pensar o tanto que a tecnologia foi facilitando nossa vida?

Mas qual foi a moeda de troca por essa facilidade?

Nossa relação entre esforço e recompensa.

A quantidade de recompensas fáceis, com pouco esforço, tem gerado um prejuízo esmagador no nosso cérebro, evoluímos tão rápido tecnologicamente que não tivemos tempo de nos adaptar ou entender o que estava acontecendo.

Queremos cada vez mais recompensas e sem ter que minerar.

Temos altíssimas doses de dopamina diária na palma da mão, sem qualquer esforço.

Assim você fica “saciado” o tempo todo e não precisa ir atrás.

O problema é que a maioria das coisas boas exigem ir atrás delas, exige tempo e esforço.

Ficamos tão acostumados com tudo muito fácil, que qualquer alternativa a isso parece um obstáculo muito grande para se mover.

Acostumamos tanto a receber doses de prazer muito fácil, que qualquer alternativa a isso parece um obstáculo muito grande de enfrentar.

Começamos a transferir isso pra tudo. Passamos a achar que devemos receber por algo que não fizemos, passamos a esperar receber, apáticos a qualquer tentativa que venha a exigir um esforço maior.

Isso nos traz infelicidade, ficamos mais fracos, sem energia para a vida, porque nos afastamos daquilo que nos completa.

Um mundo fragilizado

Ao ter tudo ao nosso alcance, ficamos complacentes.

Aprendemos a evitar conflitos, e a ficar na zona de conforto e raramente sair dela.

Buscamos cada vez mais distrações, fugimos do agir pelo medo de que o incerto possa parecer difícil, temos dificuldade em lidar com o que é “diferente” e nossa tolerância a frustação fica cada vez mais baixa – afinal estamos acostumados a ganhar tudo muito fácil.

E por mais paradoxal que isso pareça, é nos conflitos que evoluímos, é na frustração que moldamos nosso caráter.

Hoje no primeiro obstáculo, as pessoas desistem.

Hoje no primeiro sinal de incompatibilidade em uma relacionamento, é o suficiente para ele terminar.

Fugimos do diálogo, do confronto para evitar frustrações.

A questão é que para se construir caráter, relações sólidas é preciso lidar com o desconforto, ser flexível, dialogar.

Essa impaciência e esse medo nos afastam de nossos relacionamentos e de coisas que seriam significativas para nossa vida, ficamos cada vez mais frágeis a qualquer tipo de adversidade.

Tem um filósofo que tem uma visão muito boa sobre essa questão, costumo mencionar ele bastante por aqui, Paulo Henrique Teston:

“Uma criança tem que conhecer a derrota, tem que conhecer a frustração.

O caráter se molda na dor e você amadurece ele nos teus hábitos.

Hoje a criança tem um celular, e ela sabe mais que os pais com ele, e posteriormente mais que o professor, porque a internet possibilita isso…

Mas a dureza consigo mesmo não se ensina. Ela precisa vivenciar certas coisas. A prepotência de saber mais com o acesso às tecnologias cava o túmulo do caráter dela.

Sem a derrota, ela fica demasiada sensível, ela não consegue se reeguer depois do primeiro tombo

Assim como você não vai polir uma joia sem atrito, voce não vai forjar um homem sem um desafio

Mundos construídos de concreto são seguros e confortáveis, mas não é por acaso que neles há menos flores.”

A perca de nós mesmos

Nesse meio tempo, vamos nos distanciando de nós mesmos, daquilo que nos importa.

Quando criamos essa desconexão, ficamos a deriva, sem convicções para nos fortalecer, sem um norte seguir.

E para lidar com essa sensação, buscamos só aquilo que dá prazer imediato, que tem pouca chance de frustração, afinal sem convicções fortes, é difícil passar por frustrações.

O problema é que essas coisas não preenchem de verdade, isso também explica o aumenta da solidão na era mais globalizada da história.

Você precisa buscar dentro, ter propósito naquilo que se propõe a fazer, isso te ajuda a não evitar os conflitos que vão aparecer.

Por isso, se pergunte:

  • Qual seu comportamento quando obstáculos aparecem?
  • O que é importante para você?
  • Você tem feito o que é necessário para se aproximar do que é importante ou evitado sempre que pode?

Porque se você não tiver clareza de seus valores e seus objetivos, fica difícil de saber o que te aproxima e o que te afasta deles, você começa a cultivar hábitos ruins que vão te tornando cada vez mais intolerante as situações no dia a dia, como nos seus relacionamentos.

Se não identificar eles, você não vai saber que hábitos precisa abandonar e quais precisa adotar.

É muito mais difícil lidar com os conflitos que vão aparecer, e as frustrações que eventualmente vão acontecer, sem ter uma fundação bem feita..

O medo de errar

Um outro grande mal de nosso tempo, é se prender a devaneios. Teoriozar o que vai dar certo ou errado, antes mesmo de tentar, porque assim evita a frustração.

Porque sempre tem que ter aprovação para poder fazer, mas deixa eu te contar, não existe um DAI – departamento de aprovação de ideias – você mesmo deve ir lá e testar, ignorar isso é delegar aos outros parte da sua vida.

A questão é que aprende-se a viver vivendo e não teorizando.

Era mais fácil para as pessoas antigamente serem boas em alguma coisa quando vivíamos em comunidades menores, cada um se sentia extremamente confiante em seu próprio local.

A história mudou, em 5 minutos hoje você consegue achar alguém que te faça parecer “incompetente” e assim começa a evitar situações que te levem para fora do que está habituado.

Ficamos com medo de errar, por isso também evitamos conflito.

Fora que muitas vezes idealizados o mundo pelas comparações nas redes sociais, onde você é apresentado a uma infinidade de pessoas que parece que tudo que fazem dá certo.

Quando a gente fica batendo demais em erro, nosso cérebro fica covarde, com medo de ousar, de errar.

Porém, a vida não é isenta de erros, nem frustrações. O contrário disso é acreditar em um ideal de perfeição.

Quando você faz as pazes como a vida de fato é, você se permiti falhar e se frustrar, dessa forma pode permitir-se aprender com a experiência.

Veja que não se trata de normalizar mas ter uma visão não de evitação, mas sim de enfrentamento, de estar diposto a errar para aprender.

“Resultados? É claro, já obtive muitos resultados! Conheço milhares de coisas que não funcionam. – Thomas Edison

Se você não está disposto a estar errado, não vai estar disposto a estar certo outras vezes.

Meditação da Semana

Homens fortes fazem tempos fáceis, Tempos fáceis fazem homens fracos, Homens fracos fazem tempos difíceis

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Sempre fui atraído por buscar respostas das coisas do mundo e encontrei na internet uma forma de compartilhar essa busca.

Por aqui tento sistematizar e transformar conhecimento e aprendizado por meio das palavras. E principalmente em como aplicar na prática.

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