A relativização do prazer – a busca incessante pelo hedonismo na nossa cultura

É difícil acordar pela manhã e ir treinar, se alimentar bem, manter hábitos bons, ainda mais quando você vive em um lugar, um ambiente, onde seus amigos e pessoas próximas estão fazendo o contrário.

Mas esse é o ponto, a vida não é fácil. Para alcançar coisas melhores e muitas vezes o que você busca, não é sobre ser especial ou nascer com um talento nato.

É sobre a consistência em agir, ser constante naquilo que se propõe, determinado.

Quando você tem constância, não é que você só é muito bom em fazer as mesmas coisas sempre.

É que você é muito bom em não fazer outras coisas.

Uma pessoa constante é uma pessoa que sabe dizer não.

E a grande verdade é: não existe atalhos.

A cultura da vaidade

Vivemos em um mundo onde a cultura atual promete o paraíso na terra, e isso não existe.

Uma cultura, onde as aparências e a vaidade imperam como base.

  • O eu como centro
  • Materialismo como base
  • Hedonismo como premissa
  • Fama e dinheiro como resultado

Nossa cultura atual parece premiar a mediocridade.

A acumulação de bens materiais virou sinal de sucesso e “felicidade”.

A identidade de alguém e seu valor parece ser ligado ao que ela possui.

O problema é que quando você cai nesse conto, fica difícil voltar, as coisas que você possui ou fica querendo possuir porque é a referência de felicidade que você tem, acabam te possuindo.

Carros, roupas da moda, casas, passam a ser a definição simbólica de quem você é ou quer ser. Quando você delega a algo externo essa parte, você é tudo menos você, na primeira adversidade você vai ao fundo do poço, porque não percebeu que deu valor demais a algo passageiro.

Quanto mais acumulamos mais nos sentimos presos, porque inclusive mais responsabiliade assumimos e as coisas que eram para te trazer alegria te fazem ser dependente delas e de cada vez mais, elas te possuem.

É então que você entende que no final do dia, não são as coisas que você possui que te traz liberdade e paz, a verdadeira liberdade está em desejar menos, precisar menos.

E esse é um caminho que exigirá tudo de você.

Hedonismo e a verdadeira sabedoria do prazer

A grande sabedoria do prazer está em conseguir o ter sempre.

E para isso então o mesmo deve ser obtido em qualquer lugar, portanto com o que é simples. Uma brisa, um sorriso, uma paisagem.

E não com o que é sofisticadíssimo, raro. Por que isso o tornaria escasso.

Tem uma explicação fantástica do Clóvis de Barros sobre, que diz mais ou menos assim:

Existem 2 tipos de prazeres

  1. Do corpo
  2. Da alma (esse requer o uso da inteligência para acontecer)

O problema dos prazers do corpo

Sua relação com o passado (o que vem antes)

Para ser um prazer jubiloso, precisa de uma antecedência de carência.

Exemplo: Um pedaço de bolo

Ele é mais colorido quanto mais fome tiver. Agora 10 em uma tarde já não será tão prazeroso assim.

Ou seja, ele precisa de uma carência prévia

É efêmero demais

Tem uma duração muita rápida, são segundos.

Os prazeres do corpo exigem uma carência prévia para serem apreciados. Por isso são efêmeros e não se sustentam, pois são “raros”, e isso te faz sofrer intensamente nessa ausência.

Pois se você condicionar sua vida a isso, você só alcança a felicidade naquilo que é escasso e portanto raro. Além de a ausência intesificar seu sofrimento.

Então, uma vida regada em prazeres do corpo, não é uma condição de vida boa.

Quanto mais barato for seus prazes, melhor a condição para uma vida com maior desfrute.

Portanto, devemos buscar então os prazeres da alma, e este requerem o uso da inteligência, portanto pressupõe esforço, educar suas vontades.

É essa educação das vontades que nos garante a liberdade e o desfrute real. O homem que não educa seus hábitos vai ser escravo de suas paixões, determinado por seus vícios, por seus desejos.

Essa é a virtude da temperança, ter controle de suas emoções, portanto de si mesmo.

Hedonismo vs Eudaimonia

Felicidade hedônica

Curta e não se sustenta com o tempo.

Relacionada ao comportamento/momento que gera prazeres passageiros.

Felicidade eudaimônica

Pressupõe buscar sua melhor versão (longo prazo), ou seja, busca a excelência naquilo que você se propõe, na medida do possível.

E pra isso, você tem que se dispor a fazer coisas que não gosta, momentos de sacríficios e que geram por vezes sofrimento.

Quando você se acostuma e coloca comportamentos hiperdopaminérgicos, é como se eles ficassem impedindo seu limiar de percepção de esforço aumentar.

Seu cérebro vai se moldando e perpetuando circutarias dentro dele envolvido com que você está dando para ele.

  • Quais estímulos que você está dando?
  • Qual a forma de ver o mundo que você está ensinando a você mesmo?

O domínio de si mesmo

Assim como o amor não é construído apenas de bons momentos, a vida também não é.

A vida não é só prazeres o tempo inteiro, coisas que tem significado não são fáceis. Exigem muito de você, exigem que você tenha que fazer sacrifícios.

A parte fácil, não entra na vida adulta.

Nosso cérebro por padrão não gosta de recompensas que demoram e são incertas.

Ele gosta de recompensas rápidas, gigantescas e sem esforço.

Então se você deixar assim, você acaba perdendo o controle do seu sistema dopaminérgico, seu limiar de percepção de esforço diminui, porque afinal é isso que está ensinando a seu cérebro, as ações que exigem esforço ficarão muito mais custosas de fazer, portanto o caminho para aquilo que tem valor real, fica cada vez mais distante.

A verdade é que a maioria das pessoas não possuem ou muito menos buscam ter domínio sobre si mesmo, Infelizmente.

É muito comum você ouvir a arrogante resposta de “Faço o que eu quero”, que na verdade surge da ignorância de si mesmo, e na verdade só mostra o quão distante essa pessoa está de entender quem realmente é e o que realmente busca.

Acabam se tornando escravos das opiniões que ouvem, dos comportamenos fáceis e frutos de seu meio.

Afinal, você não pode ser livre sem primeiro Ser, e pra ser precisa conhecer as opções disponíveis, precisa ver o outro lado, entender as consequências.

A resistência

Não importa o que você for fazer, quando você vai em busca de algo que te melhore, que te faz crescer, haverá resistência, aparecerá desafios.

Por isso muitos evitam esse caminho, exige estômago para caminhar sobre ele.

Quando você busca crescer, precisará fazer sacrifícios.

Não há nobreza no autocontrole quando ele não precisa ser exercido.

Lembre-se que nunca haverá momentos perfeitos, porque esse é um caminho de desafio é necessário que sempre aconteça, pois te fará mais forte, um homem é forjado no desafio.

Nós podemos usar nossa inteligencia para moldar nossa caráter ou ser escravo de nossos desejos.

Gosto sempre de carregar comigo uma frase em latim que diz: “Vincit qui se vincit”, ou seja, “Vence quem vence a si mesmo”

Meditação da Semana

“O conteúdo do seu caráter é sua escolha. Dia a dia, o que você escolhe, o que pensa e o que faz é quem você se torna.”

Tópicos

Receba a Newsletter no seu email

Compartilhe esse post

Veja outros artigos

Empreendedor & Podcaster

Sempre fui atraído por buscar respostas das coisas do mundo e encontrei na internet uma forma de compartilhar essa busca.

Por aqui tento sistematizar e transformar conhecimento e aprendizado por meio das palavras. E principalmente em como aplicar na prática.

plugins premium WordPress